Em 28 de abril de 2003 a Apple lançava o iTunes.

Nos anos 90 quem gostava de música com certeza tinha um monte de CDs e fitas cassete. Algo surgiria nesta década que mudaria o rumo da indústria fonográfica: O MP3. Apenas de não ter sido criado tendo músicas em mente, este formato de compressão permitiu converter músicas em arquivos com poucos megabytes de tamanho. Logo surgiria algo que todo jovem da minha época deve lembrar, o Napster. O Napster era uma sensação, com ele podíamos baixar e compartilhar músicas livremente. No seu auge, chegou a ter mais de 80 milhões de usuários.

A indústria fonográfica não achou graça disso. Primeiro conseguiu fechar o Napster, mas vendo que outros poderiam tentar ocupar o seu lugar, foi forçada a tentar colocar restrições na distribuição de arquivos. Cada gravadora tentou de seu jeito, mas elas não estavam indo a lugar nenhum. Foi ai que Steve Jobs entrou na jogada.

Steve Jobspercebeu que para o consumidor não era interessante gastar 18 dólares num CD para ouvir uma ou duas músicas. Ele viu uma oportunidade para criar algo mais barato para o consumidor, onde ele pudesse comprar apenas as músicas que ele queria ouvir.

Ele começou a entrar em contato com as gravadoras, uma das primeiras foi a Warner. Seus executivos puderam ver a versão beta do iTunes. Eles ficaram maravilhados, era algo simples de usar, tão simples e atraente como o Napster. Logo outras gravadoras, como a Universal e a Sony, demonstraram, interesse. Apesar de uma certa resistência, Jobs conseguiu convencer os executivos a permitir a venda individual de músicas no valor de 99 centavos de dólar.

Isso era uma grande mudança de paradigma. A indústria fonográfica tinha a venda de discos como seu pilar, mas o Napster havia provado que o consumidor queria seguir por outro caminho. Como seriam as coisas neste novo formato de venda?

A resposta viria logo. Na sua primeira semana de lançamento, o iTunes vendeu mais de 1 milhão de músicas. Mas o que faria o serviço decolar seria o iPod, lançado em outubro do mesmo ano. Com 5 Gb de espaço interno, podia tranquilamente armazenar mais de mil músicas. Nunca havia sido tão fácil comprar e ouvir música.

Além de transformar a indústria do entretenimento, ele também ajudou a tornar a Apple uma empresa mais rica. Em 2006 as vendas do iPod eram responsáveis por mais de 40% do faturamento da Apple. O iTunes viria a se tornar o maior distribuidor de músicas dos Estados Unidos em 2008, superando o Wal-Mart. O iPod teve uma vida bem longa, sendo descontinuado apenas em 2014. Durante o tempo em que esteve conosco, 400 milhões de unidades foram produzidas.

Aquilo que os executivos tinham medo se concretizou. O mercado da música iria deixar de ser baseado na venda de CDs caros com alta margem de lucro para a venda de músicas baratas com baixa margem de lucro. No começo, as gravadoras não conseguiram convencer Steve Jobs a mudar o valor de venda da música, nem ganharam uma parte dos lucros originados das vendas do iPod. Os valores foram alterados depois, mas continuavam acessível. Ao vender uma música por 99 centavos, a gravadora recebia 69 centavos, 20 centavos eram referentes as despesas operacionais e 10 centavos era o lucro da plataforma. Pode parecer uma margem de lucro pequena, mas se você considerar que até 2013 havia sido feitas mais de 25 bilhões de vendas...

A indústria fonográfica nunca mais seria a mesma. Ela lucrava 28 bilhões de dólares no ano do lançamento do iTunes. Dez anos depois, o seu lucro havia caído pela metade, 16.5 bilhões. Já a Apple se tornaria uma das empresas mais ricas da história.