Newton
Em 29 de maio de 1992 a Apple apresentava o Newton, o avô do iPhone.
O Newton era um computador de mão revolucionário para a sua época. O projeto iniciou em 1987 e foi o maior lançamento da empresa desde o Macintosh, foram investidos 100 milhões de dólares em sua criação. Para apresentar o produto, foi escolhida a Consumer Electronics Show (CES) em Chicago. O CES é o maior evento de tecnologia do mundo.
Numa época em que não havia smartphones ou internet móvel, a demonstração do Newton fez algo que impressionou a audiência. A partir do aparelho, foi possível fazer um pedido de pizza. O pedido foi enviado por... fax. Mas essa não foi a única surpresa. O Newton permitia o usuário escrever sem a necessidade de um teclado, através de um sofisticado sistema de reconhecimento de escrita manual.
A Apple estava tão empolgada que até inventou um novo termo para rotular o Newton. Ele seria um PDA (Personal Digital Assistant).
O conceito era ambicioso, logo o hardware precisava estar a altura do desafio. A primeira versão do Newton, o MessagePad 100, tinha um processador ARM 610 de 20 MH, 4 MB de ROM, e 640k de RAM, sendo que apenas 150kb eram utilizados pelo usuário. A comunicação entre dispositivos era feita por infravermelho. Como opcionais, podia ser instalado um fax ou algum outro dispositivo compatível com uma placa de expansão PCMCIA. Sua tela era monocromática, sensível ao toque e com resolução de 336x240. O aparelho utilizava 4 pilhas AAA, que permitiam utilizar o aparelho por até 12 horas. Tudo isso num aparelho que pesava 410 gramas e que havia sido feito para caber no bolso.
Apesar do hardware e de suas qualidades, o Newton não teve o sucesso esperado. A apresentação do Newton gerou um grande interesse pelo produto, mas ele somente seria lançado em agosto do ano seguinte. A propaganda exagerava suas características. Quando finalmente chegaram as lojas, os usuários perceberam que ele não era tão amigável quanto parecia. Mas o que aborreceu os usuários foi o mecanismo de reconhecimento de escrita manual, a imprecisão comprometia a experiência do usuário.
O preço, como ocorre com todo produto Apple, também teve sua parcela de culpa. Seu preço de lançamento era de 900 dólares. Um preço muito alto para um organizador pessoal.
Os problemas eventualmente foram superados, versões com mais recursos foram lançadas e o preço ficou menos salgado, mas o produto não decolou. Os fãs da Apple argumentam que o produto era ambicioso demais e algumas tecnologias eram muito novas. Os críticos vão lembrar que ele não podia ser integrado com outros produtos da Apple. Quando Steve Jobs retornou para a Apple em 1998, o Newton foi descontinuado. Durante seu tempo de vida, foram vendidas 200 mil unidades. Rivais com a mesma proposta, porem mais simples, tiveram mais sucesso, como foi o caso da Palm.
Apesar do fracasso, o conceito de um computador de bolso acabou dando certo.
Algumas pessoas que trabalharam no Newton, como Mike Culbert, Greg Christie e Jony Ive, foram membros importantes da equipe que criou o iPhone. Recursos pensados para o Netwon chegaram no iPod e no iPhone. Além disso, hoje em dia os processadores ARM estão disponíveis na maioria dos smartphones e tablets do mundo.


