A aposentadoria chega para todos. Em 2024 chegou a vez do Zilog Z80 pendurar as chuteiras e encerrar sua longa carreira de 48 anos.

A fabricante de chips Zilog anunciou que os seus clássicos processadores Z80 deixarão de ser comercializados após 14 de junho de 2024.

Se você for jovem, provavelmente não deve ter tido nenhum contato com ele. Mas se você é alguém que já passou dos 40, com certeza deve ter tido alguma experiência marcante com algum aparelho utilizando este processador.

Vamos começar pelo começo. A Zilog é uma empresa americana  fundada em 1974 pelo italiano Federico Faggin. Ele foi engenheiro da Intel, onde liderou o projeto do processador Intel 4004, um processador de 4 bits. Ao sair da empresa, ele se promoveu para patrão e abriu sua própria empresa, a Zilog. 

Mas ele não estava sozinho. Junto com ele estava Ralph Ungermann e Masatoshi Shima, co-criador dos microprocessadores 4004 e 8080 da Intel. A nova empresa criaria um processador para competir com a Intel. A gigante dos combustíveis Exxon decidiu investir 500 mil dólares na nova empresa, um dinheiro que veio em boa hora. Masatoshi Shima entraria na empresa em fevereiro de 1975 e no final do ano o processador estaria quase pronto.

O Zilog Z80 foi lançada em julho de 1976, sendo uma evolução do processador Intel 8080. Numa época onde os computadores não eram tão potentes como os atuais, todo o trabalho foi feito a mão por uma equipe de apenas 12 pessoas. O pequeno processador tinha 8 bits, 8500 transistores e velocidade de 2,5 Mhz. Seu preço inicial era de 200 dólares para venda individual, mas para compras de 25 a 99 unidades o preço era de 80 dólares. O novo processador era melhor e mais acessível do que o produto da Intel.

O sucesso foi imediato. Em apenas dois anos a pequena empresa passaria a ter mais de mil funcionários. Ela também licenciaria o seu processador para ser fabricado por outras empresas. O grande volume fabricado permitiu tornar o processador mais barato, o que consolidou sua posição no mercado.

Muitos computadores pessoais dos anos 70 e 80 usavam processadores Z80. Amstrad, ZX Spectrum e MSX são alguns nomes conhecidos. 

Mas foi nos videogames que o Z80 deixou um legado. Das máquinas de fliperama aos videogames mais queridos por uma geração, todos tinham em comum o Z80.

O Z80 foi o processador utilizado no Sega Master System (1985). Além disso, foi utilizado no Nintendo Game Boy (1989) e no seu concorrente, o Sega GameGear (1990). Também foi utilizado no sucessor do Game Boy clássico, o Game Boy Color (1998). Foram mais de uma centena de milhões de produtos fabricados.

O processador de preço acessível e baixo consumo de energia teria uma vida longa e versões mais rápidas. Mas, toda estrada tem um fim, e este ano chegou o fim da linha para o Z80. 

Ele vai descansar com a certeza do dever cumprido.